Philosophica: International Journal for the History of Philosophy

Volume 12, Issue 23, April 2004

Ana Maria Bijóias Mendonça
Pages 69-85

Vergílio Ferreira e María Zambrano ou uma Estética do “Exílio”

De um modo sucinto e claro, pretendemos abordar a figura do exílio como força motriz, aglutinadora, e porque não, omnipresente na obra literária e filosófica dos autores que nos propomos agora tratar. Com efeito, forçada a abandonar Espanha em 1939 juntamente com outros intelectuais, rumo a um doloroso exílio de quarenta e cinco anos, María Zambrano matura, a partir desta condição (e por causa dela?) as que serão linhas mestras do seu pensamento. Vergílio Ferreira viveu, se assim se pode chamar, um exílio de carácter mais “metafórico”. Não obstante, tomou para si também o desconforto e a des-pertença dos que não têm um lugar próprio, ou dos que o perderam. Os se us livros, escritos ao sabor da memória (e de memórias), procuram, buscam, escavam quase arqueologicamente um tempo feliz de raízes, um espaço topofílico perdido.